No passado dia 18 de Fevereiro ficou-se a perceber, penso eu, que estamos de facto num mundo de loucos (pelo menos a Europa nos dias de hoje...), onde agora se discute o preço da dignidade, enquanto se choram lágrimas de crocodilo...
No mesmo dia, nas "altas esferas" da UE, duas opiniões prevaleceram: O Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o ministro das finanças Alemão, Wolfgang Schäuble, falaram sobre a Troika e os países intervencionados pela mesma.
"Pecámos contra a dignidade dos portugueses e dos gregos"
O Presidente da CE admitiu que a Troika não tem legitimidade democrática e criticou a postura da anterior comissão, liderada por Durão Barroso, quanto à questão grega. Jean-Claude Juncker acusou a Troika de pecar contra a dignidade dos portugueses e acusou a anterior Comissão Europeia, liderada por Durão Barroso, de confiar “cegamente” nela, conta a TSF, citando a agência EFE.
Pessoalmente estou farto de ouvir declarações deste tipo, não porque não sejam verdadeiras, mas porque acabam por se traduzir em nada na vida das pessoas nos países afectos à Troika. Já Christine Lagarde, do Directora-Gerente do FMI, tinha feito declarações deste tipo, admitindo que a austeridade estaria a causar mais problemas do que a solucioná-los à mais de um ano, e embora fosse verdade, nunca se traduziu em nada.
Por outro lado:
Portugal "é a prova" de que ajuda financeira funciona bem, diz ministro alemão...
Já o ministro das Finanças da Alemanha, Schäuble, considera que Portugal é a prova de que, em geral, os programas de assistência financeira funcionam bem. Todos sabemos como de facto este programa funcionou bem, quer para os que passaram a estar desempregados, quer para os que tiveram de emigrar, quer para a classe média em geral claro... Já a conversa da regras e da confiança mútua é muito bonita, sobretudo vindo de um ministro cujo país viu a sua dívida perdoada em 63%, em boa parte gerada pelas duas guerras mais sangrentas de que há registo...
Já nós por cá...
"O preço da dignidade", henricartoon.pt.
O ministro da Presidência do Conselho de Ministros e dos Assuntos Parlamentares classificou esta quinta-feira as declarações da véspera do presidente da Comissão Europeia como infelizes, garantindo que a dignidade de Portugal "nunca foi beliscada" pela Troika.
"Acho, manifestamente, que é uma declaração bastante infeliz do presidente da Comissão Europeia, porque nunca a dignidade de Portugal nem dos portugueses foi beliscada, pela Troika ou qualquer das suas instituições. Só posso classificá-la como declaração infeliz", afirmou Marques Guedes, na conferência de imprensa após o conselho de ministros, em Lisboa. Poderá ler com maior pormenor no artigo original do Expresso.
A revolta contra a austeridade já chegou ao Parlamento Europeu... foto "censurada" pelos media portugueses convencionais (pelo menos) desde Abril de 2013...
Mas de volta ao "do melhor se faz na Europa", independentemente do ridículo das declarações de Juncker e da falsidade das de Schäuble, o relevante é que as contradições destas declarações, relembro, feitas no mesmo dia e sobre o mesmo tema, demonstram a falta de rumo nesta (des)união, e como o sonho de uma Europa Unida, baseada na dignidade do ser humano, sustentada na solidariedade social e orientada para a paz e prosperidade dos povos, parece estar a desmoronar-se a cada dia que passa...
O problema é que somos geridos por um conjunto de políticos profissionais e funcionários superiores que se regem por princípios indignos, sendo na sua essência uns corruptos, vendidos e hipócritas. Mas pior que tudo isto é: são tudo isso (e até muito mais) porque todos nós deixamos que assim seja!
Como diz Carlos Paz, no artigo onde hoje me inspirei: Acordem Porra!!!
Em jeito de terminar por hoje, deixo um vídeo interessante, que descobri hoje de manhã, enquanto vos escrevia esta mensagem, que toca quer o recente caso "Swissleaks" quer as negociações sobre o futuro da Grécia.
"Quem está aterrado e desesperado, completamente desorientado a rosnar ameaças a torto e a direito, é a Alemanha, porque a Alemanha é o grande beneficiário da UE" - Garcia Pereira
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