O momento em que a conjugação de "cortar nas gorduras" e a "gestão danosa" de certos administradores resulta em potenciais falhas na segurança deste transporte publico, ao que parece numa só linha, não prenuncia nada de bom... e isto será uma tendência em todos os transportes... e recordo que nunca se pagou tanto por uma viagem de metro...
A segurança na Linha Vermelha do metro de Lisboa, entre as estações de São Sebastião e o Aeroporto, passou a ser estabelecida por um sistema com cerca de 37 anos... isto porque o metropolitano de Lisboa deu ordem para retirar todo o sistema de segurança e condução automático, que dispensava a intervenção directa do condutor, avaliado no valor de 20 milhões de euros, releva o Jornal de Notícias...
O equipamento foi retirado, em toda a linha vermelha, dos comboios e das paredes laterais do cais das estações, porque a empresa não mostrou disponibilidade para estender o mecanismo às novas estações até ao aeroporto da Portela, como defendiam relatórios elaborados internamente.
O equipamento foi retirado, em toda a linha vermelha, dos comboios e das paredes laterais do cais das estações, porque a empresa não mostrou disponibilidade para estender o mecanismo às novas estações até ao aeroporto da Portela, como defendiam relatórios elaborados internamente.
Ou seja, entre manter este investimento, que começou a ser planeado aquando da Expo"98, e deitar para o lixo o sistema, a administração da empresa optou então pela segunda via, ignorando os relatórios dos técnicos e passando a segurança na Linha Vermelha, entre São Sebastião e o Aeroporto, a ser estabelecida simplesmente pelo Dispositivo de Travagem Automático de Via (DTAV), com cerca de 37 anos. O JN acedeu a vários documentos, cedidos por fonte ligada ao Metropolitano, onde se alertava a administração para as questões de segurança e para o facto de esta estrutura de transporte estar a tornar-se obsoleta.
"O DTAV é um controlo pontual para o excesso de velocidade. Mas não impediu a colisão, por exemplo, que ocorreu recentemente no aeroporto e que deixou o comboio tipo acordeão. A empresa ocultou essas imagens, porque o maquinista estava cansado e acelerou na saída da estação do aeroporto. Acabou por embater no paredão porque não havia nenhum sistema de travagem. Em 2025 o metropolitano de Lisboa será dos mais obsoletos do mundo, porque já o é, agora, em termos europeus. Semelhante só na Roménia e na Bulgária", explicou ao Jornal de Notícias, sob anonimato, um técnico do metro de Lisboa. O JN também teve acesso a vários documentos onde se alertava a administração para várias questões de segurança e para o facto desta estrutura de transporte estar a tornar-se obsoleta.
O sistema desinstalado foi o ATP/ATO (Automatic Train Protection/Automatic Train Operation) e com este mecanismo, o maquinista pouco mais faz do que gerir o sistema, porque a condução é automática. A sua implementação começou a ser equacionada nos anos 90 do séc. XX, quando as composições passaram de dois tripulantes para um. Na altura, o sistema já era usado nas linhas de metro de Paris e Milão.
O concurso público internacional, vencido pelos franceses da CSE, foi lançado em 1999 de modo a que no início da Expo'98 o sistema estivesse pronto apenas na linha vermelha. No entanto, com o abatimento da estação dos Olivais, o sistema só começou a funcionar no ano 2000. A situação manteve-se até 2009, quando aquela linha teve de ser alargada até São Sebastião, de um lado, e até ao aeroporto do outro.
E pergunto-me eu, quando se projectou esta linha, e quando se planearam estas expansões, ninguém se lembrou de perguntar: O que fazer com o sistema de segurança? Se a linha for expandida, este pode (e deverá) ser expandido?
"A administração foi alertada que era necessário o investimento nos novos quilómetros de linha porque senão a sinalização clássica lateral e a condução manual iriam diminuir a velocidade de circulação", disse o técnico.
O Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres questionou a empresa sobre este facto mas o organismo regulador mostrou-se satisfeito com a segurança que o DTAV assegura. O Metro de Lisboa não quis responder às questões apresentadas pelo Jornal de Notícias.
Já no período de 2012 a 2014, os comboios do Metro de Lisboa circularam sem travões de emergência devido a uma falha nos freios electromagnéticos que obrigou à sua desactivação. Esta foi uma das causas para que, nesse período, as composições abrandassem a velocidade nos túneis de 60 KM/H para 45 km/h (nesta altura lembro-me que se dizia que era para poupar energia, e assim poupar dinheiro...). A Procuradoria-Geral da República abriu um inquérito ao caso, mas concluiu que não teria ocorrido "eventual falta de segurança".
O Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres questionou a empresa sobre este facto mas o organismo regulador mostrou-se satisfeito com a segurança que o DTAV assegura. O Metro de Lisboa não quis responder às questões apresentadas pelo Jornal de Notícias.
Já no período de 2012 a 2014, os comboios do Metro de Lisboa circularam sem travões de emergência devido a uma falha nos freios electromagnéticos que obrigou à sua desactivação. Esta foi uma das causas para que, nesse período, as composições abrandassem a velocidade nos túneis de 60 KM/H para 45 km/h (nesta altura lembro-me que se dizia que era para poupar energia, e assim poupar dinheiro...). A Procuradoria-Geral da República abriu um inquérito ao caso, mas concluiu que não teria ocorrido "eventual falta de segurança".
Futuras expansões do metropolitano de Lisboa?
A Federação de Sindicatos de Transportes e Comunicações já reagiu à notícia do JN. "Importa dizer que a segurança do metro está a ser garantida pelos seus trabalhadores já há muito tempo, apesar das políticas de desinvestimento levadas a cabo pelo conselho de administração da empresa", disse, esta terça-feria, à Lusa, a dirigente sindical Anabela Carvalheira
O JN destaca ter tido acesso a vários documentos, cedidos por fontes ligadas ao metro, onde se alertava para as questões de segurança e para o facto de esta estrutura de transportes estar a tornar-se obsoleta. Em declarações à Lusa, a dirigente da FECTRANS salientou que esta situação não "é nova, nem é uma surpresa".
"Trata-se de políticas de desorçamentação, de investimentos feitos sem que ninguém seja responsabilizado por eles e que levaram a esta dívida estrutural no metro. Obviamente que quem faz um investimento tão grande como o do mecanismo como o ATP/ATO tinha de perceber que deveria dar continuidade ou então este investimento não fez qualquer sentido", disse.
No entender da dirigente sindical, apesar das políticas eleitoralistas ou de desinvestimento ninguém vai ser responsabilizado. Anabela Carvalheira explicou que o Metropolitano de Lisboa não sofre qualquer investimento desde o anterior governo.
"O material gasta-se, as coisas vão-se tornando obsoletas. É como na nossa casa, se não renovarmos os equipamentos e não fizermos manutenção adequada, as coisas vão ficando gastas e usadas. Até hoje não houve problemas no metro por causa da competência dos trabalhadores e do seu envolvimento para que as coisas corram bem", disse.
Contactado pela Lusa, o Metropolitano de Lisboa remeteu um esclarecimento para mais tarde.
A rede do Metro de Lisboa está dividida por quatro linhas que totalizam 43 quilómetros de extensão. Ainda está por concluir o prolongamento da linha azul, que se iniciou em 2009, entre as estações da Amadora Este e da Reboleira.
Fontes: